quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Para Rachel Sherazade, com amor. (Amor, nada! Com raiva mesmo.)

Jornalistas são como vinhos, o tempo faz bem aos bons. E bom aqui não é valor moral. Bons na técnica jornalística mesmo. Estava procurando uma imagem de Rachel Sherazade pra colocar nesse post e a Wikipedia me disse ela tem 40 anos. Não parece. Continua linda e jovem. Uma menina! Pena que as opiniões dela continuam com igual maturidade. Esta sobre o Uruguai e a maconha entornou o caldeirão de paciência que acumulo.

A palavra mais amena para o comentário dela é desserviço. O jornalismo se pauta pela busca da informação mais rica, contextualizada, plural, ética. O pseudo-jornalismo é o canário do senso comum ou o papagaio dos poderosos. O pseudo-jornalismo é rápido em difundir preconceitos, não medir palavras e gosta de dizer que é polêmico. Não tem tanto assim de polêmico. Tem muito mais de confuseiro, de arengueiro, birrento. Coisa de menino. Ou de menina.

Quando a jornalista coloca que o Uruguai se associou ao tráfico, não investiu em educação e prevenção, agiu com ingenuidade e foi contraditório (porque liberar a maconha para tratar os usuários é um paradoxo, em sua concepção) eu me pergunto: quem é ingênua? Quem é paradoxal?

Que tal copiarmos os melhores exemplos: reprimir com armas e prisão, matar jovens (especialmente os pobres), investir milhões e milhões numa estrutura que não conseguiu sequer diminuir o consumo de entorpecentes. Chamar o usuário de criminoso ainda é a melhor escolha. O traficante, por sua vez, este é o pior dos piores!

Já nos consultórios, os entorpecentes mais pesados continuam sendo prescritos com o aval dos nossos médicos (cubanos? Não, não.) para as belas famílias brasileiras, de homens e mulheres de bem, que não querem nenhum barato. Querem só tratar aquela tristeza teimosa ou uma ansiedade que não lhes deixam em paz.

Rachel, você tem todo o direito de desejar um mundo sem maconha nem maconheiros. Só não pode falar bobagem sem refletir. Sem pensar em todas as consequências das escolhas erradas que nossos governos fizeram para elegerem nossos inimigos públicos.

Menina, pense na população que hoje vê o sol quadrado porque estava fumando unzinho (e é pobre!) ou vendeu uns papelotes achando que conseguiria arranjar um dinheirinho (continuaram pobres!). São jovens, homens e mulheres. Adolescentes também. Não vieram destruir o país. Apenas cometeram os crimes errados. O Uruguai deu um passo importante para evitar a dupla morte - social e física - deste contingente.

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