sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Por um desobedecer necessário

Tenho pensado sobre violência, respeito às autoridades e liberdade. Somos violentos. Existe em nós um desejo de ver a nossa vontade ser realizada, ainda que ela interfira na vontade alheia. Para isso usamos as vias necessárias, de preferência as lícitas, afinal ninguém quer ser preso! Se não nos ouvirem, insistiremos. Se estiver difícil, usaremos a boa e velha violência.

Não há um só tipo de violência. Ela se veste de várias cores. A violência é antiga, mas não parou no tempo. Está atualizada, por dentro das tendências, leu o Segundo Caderno e a coluna de Economia. Exuberante, a violência diz que é formadora de opinião e que agirá com rigor para cumprir o seu dever.

A violência sabe tudo sobre direito, moral e bons costumes. Hierarquia é com ela mesma! E autoridade é pra se respeitar! Será?

A violência é senhora ou serva? Senhora de quem? A quem serve? É certo que uma sociedade sem autoridade não parece compatível com a realidade humana. É preciso se opor aos que rejeitam o bem comum. Mas o Estado, que deveria coagir os que prejudicam esta busca pelo bem comum, extrapola a dose de violência, cria uma confusão entre poder de polícia e poder da polícia.

Entre as razões de ser da polícia está a garantia da incolumidade, palavra difícil para dizer que as pessoas não sejam lesionadas, estejam ilesas, seguras e sadias. A ordem expressa de um policial pode ser desobedecida? Ao que me parece, desobedecer o que diz um policial é arriscar aquela mesma incolumidade que ele está ali para proteger.

A liberdade condicionada à obediência cega ao comando de um policial não me parece liberdade. Não desejo liberdade absoluta e irrestrita, mas acredito em um diálogo possível entre autoridade e liberdade. Não acredito em "missão dada é missão cumprida". Prefiro as perguntas e as possibilidades de resposta. Um desobedecer pode ser a solução nas mais diversas formas hierarquia e poder.