sexta-feira, 26 de julho de 2013

Telejornais: o que ninguém tem certeza nem nunca terá

Telejornais. O que seria de nós sem eles? Embora a internet tenha acrescentado uma dinâmica às informações que nem os maiores fãs do rádio se atrevem a negar, é o telejornal ainda o grande meio de convencimento da maioria da população. E a população precisa ser convencida de quê? Pausa dramática.

A população precisa ser convencida de que está vendo alguma coisa interessante na TV. Precisa ser convencida que aquelas informações vão repercutir na vida delas de alguma maneira. Precisa acreditar no que está vendo. Isso já foi missão mais fácil. É claro que ainda não está tão difícil porque a leitura crítica da mídia mal saiu do berço, engatinha com dificuldades.

Já foi mais fácil também porque não havia a concorrência com a internet e o fenômeno das redes sociais. Embora o noticiário do rádio gozasse de uma enorme audiência quando Chatô trouxe a TV pra cá, o telejornal criou uma expectativa diferenciada da informação no imaginário brasileiro facilitando bastante a conquista da audiência.

A dificuldade agora é gerenciar a informação. Produzir conteúdo é moleza. Uma câmera na mão e nenhuma ideia na cabeça basta. Tornar o telejornal um programa interessante, com leitura crítica dos fatos e amplitude de cobertura naqueles minutinhos diários que ele dispõe é que são elas!

Se bem que minutinhos não seria o termo certo. De certa forma, há bastante tempo na grade para telejornais. Fico atônito com a extensão das matérias sobre a visita do Papa Francisco ao Brasil. Não tenho intenção de criticar o Papa, a religião católica, ou qualquer coisa do tipo. Só cito um exemplo de como se gasta o tempo do jornal pra dizer que ele andou de carro aberto ou de carro fechado, que acenou e sorriu.

Há mil outros exemplos de pautas repetidas, cansativas, fórmulas que os produtores de TV acreditam dogmaticamente que dão certo e jogam para o consumidor toda semana. Espero firmemente que um dia a TV perceba que ao romper com alguns clichês - como a matéria bonitinha pra fechar a edição - abrirá espaço para outros olhares e modos de compor sua programação. Acreditem em mim: sucesso de audiência é como o troco do poeta, pouco ou quase nada.