segunda-feira, 5 de fevereiro de 2007

O almirante e a muriçoca


Se tem um personagem histórico sem moral nenhuma entre os pessoenses, é o tal do almirante Tamandaré. Digo e provo. O famoso Busto de Tamandaré, ponto de referência da orla de João Pessoa, é na maioria das vezes desassociado da estátua que seu nome abriga. As pessoas se referem à "praça", ao espaço que está lá e estou certo que grande parte delas até esquece que há um busto de Tamandaré no local.

Agora, por exemplo, instalaram ali uma gigantesca muriçoca. É um boneco feito para compor a decoração do bloco Muriçocas do Miramar, o maior do pré-carnaval pessoense. Até sexta-feira da semana passada não sabia nem de sua existência, mas nesse dia, estava dirigindo pela avenida Epitácio Pessoa quando me deparei com a monstruosa estrutura. Parei o carro à diante para ter uma noção do quão grande era a criatura. Eu não sou pernambucano nem campinense, mas aquela deve ser a maior muriçoca do mundo!

Para minha surpresa, e só confirmando minha tese, enquanto estava debaixo boneco vi uma jovem conversando com outra pessoa via celular: "estou aqui na Muriçoca!" Imediatamente lembrei da época em que instalaram o relógio da rede Globo, dentro do projeto "Brasil 500 anos". Na época ninguém mais dizia que estava "no Busto". Preferiam "no relógio".

Ah, pobre almirante! Tenho certeza que foste algum herói da nossa história e como depois de morto és logo substituído por um relógio ou uma muriçoca? Que triste destino! Na verdade nem conheço sua história. Talvez o Google saiba. Alguém daqui sabe? O fato é que Tamandaré é uma palavra que parece pedir para ser suprimida. Dizer que está "no Busto" é mais ligeiro. Afora que o "busto" de quem diz Busto de Tamandaré quase nunca tem "t". Eu escuto "bucho de Tamandaré". Você não?