sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Contra a reforma agrária

Difícil acreditar que exista gente no mundo contra a reforma agrária (excetuando-se os latifundiários, claro). Mas há. E tem também neste meio os que defendem que as terras ociosas são as que deveriam ser destinadas a quem fala em reforma agrária. O caso é que não se avalia que terras são de fato ociosas.

No balaio de gatos em que se engalfinham os fazendeiros do agronegócio e os militantes do Movimentos dos Trabalhadores Sem Terra há consonância no discurso. Como? Ambos afirmam com convicção irredutível: Você está mentindo.

Ontem vi a reprise do Debate MTV em que Lobão provocava: O MST é legítimo? Ciente da incapacidade do tema satisfazer o debate, na abertura ele justificava afirmando que a conversa iria adequar o tema ao que realmente se queria abordar - basicamente, a reforma agrária.

Entre mil farpas, um lado levantou que a reforma é desnecessária e que o agronegócio é excelente para o país. Disse também que o MST é um movimento político, calcado na luta de classes, criminoso e que nada tem a ver com reforma agrária ou terra.

Na outra ponta, enfatizaram que o MST existe há 25 anos, muito antes de receber dinheiro do Governo Federal, age segundo a justiça social, uma vez que a letra da Lei não oferece a igualdade que buscam e que a agricultura familiar é a que põe na mesa dos brasileiros a maioria dos alimentos que comemos.

Não posso aceitar que se justifique a estagnação da reforma agrária. Não aceito que se fale em terras ociosas quando os latifúndios precisam ser reformados. É justo que milhares de hectares sirvam apenas para uma família encher o bolso de dinheiro? O latifúndio gera emprego. Verdade. Mas quantos? E quanto cada trabalhador deste recebe? Eles têm participação nos lucros?

Também não aplaudo todos os atos do MST, nem compro o eufemismo que transforma invasão em ocupação. Mas reconheço que sem o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, dificilmente o assunto "reforma agrária" chegaria às mesas dos congressistas.

3 comentários:

.ailton. disse...

tudo balela. o MST é uma quadrilha e tem que ser combatida com a força da lei.

::: Luís Venceslau disse...

Como a maioria dos movimentos e ideologias, começa bem depois degenera. Tem muita gente bem intencionada ali dentro, mas a maioria tá mais interessada é em outras coisas..

Isabella Araújo (Zabella) disse...

o fato é que o Brasil é o único país de extensão continental no mundo que não concluiu ainda essa reforma. os demais países fizeram essa discussão no século XIX/XX, e isso está no próprio site do governo federal. essa dívida é grande e a exploração de trabalhadores rurais acontece demais. imagine aí que a pessoa precisa de emprego e o que aparecer é bênção, mesmo que a pessoa se submeta a todo tipo de infortúnio.
por outro lado, custa à sociedade crer no MST quando se vê cenas de tratores destruindo plantações de laranjas. qual a alegação, terras improdutivas?
ai, que país esse nosso!