sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Água no Schopenhauer

Aprendi a desconfiar de tudo que leio e a ser cético com aquelas verdades que são porque são. Desconfio daquele tipo de diálogo em que um diz: E por que é assim? É porque é. Hoje mesmo eu estava retomando a leitura de "A arte de escrever", de Arthur Schopenhauer. Ele deixa claro que a maioria dos livros não deveriam ser escritos e que os escritores não devem escrever tendo como base pensamentos alheios. Se fosse tomar como verdade tudo que li de Schopenhauer, deveria matar o blog.

Não que este espaço tenha alguma função especial para a humanidade, mas o filósofo alemão restringe a capacidade de escrever algo bom a uma elite reduzidíssima de pessoas que "pensam nas coisas", que escrevem sem precisar de ser remuneradas e que só trazem à tona pensamentos originais.

Prefiro me espelhar no pensamento de Newton que dizia que se pode enxergar mais distante é porque estava sobre os ombros de gigantes. Sem dúvida irei aplicar algumas coisas que Schopenhauer me ensina. Sua acidez pode ser útil se usada nas ocasiões devidas. Mas desprezar as releituras, os compêndios e espinafrar as traduções demonstra um tanto de igratidão.

Um comentário:

Barbara Maidel disse...

Não é que más leituras não deveriam existir. Apenas não devem ser elevadas à categoria nobre onde estão os "bons" (misturar os ruins com os bons é desrespeitar os bons). Não me importo que existam livros ruins, desde que eles estejam em seu devido lugar. Romances toscos, por exemplo, caem muito bem para garotas de quinta série que estão começando a tomar gosto pela leitura, mas são ridículos se encontrados nas mãos de alguém que tem mais de dezoito anos.

Acho difícil (impossível, na verdade) concordar com tudo que alguém diz. Mas Schopenhauer, mesmo com suas intolerâncias e descabimentos fora de série, vale a pena, pois o seu lado aproveitável é ótimo.
(achei teu blog quando eu procurava saber da irmã de Schopenhauer)

Abraço.