A sala de aula é um mundo. Em tese, um espaço de ensino-aprendizagem, com estudantes e professores. Entre a proposta da educação institucionalizada e a realização da proposta há uma distância considerável. Vamos considerar alguns pontos:
Quem é o professor?
O que fazem lá os estudantes?
A quem serve o sistema?
Minhas respostas a essas perguntas não encerram questão alguma, mas aí vai um pouco de opinião tendo em vista minha prática de ensino (sou professor de Artes - Música em uma escola municipal de João Pessoa).
O professor é um profissional treinado em uma instituição de ensino superior ou equivalente ao conteúdo ministrado. Ele trabalha para conduzir o estudante pelo universo complexo do conhecimento. Seu salário é mais baixo do que deveria ser, seja professor de uma escola pública ou de uma escola privada.
O professor enfrenta a opressão da escola, que exige resultados e lida com as dificuldades de ensinar um grupo heterogêneo em vários aspectos. Alguns aprendem com facilidade, outros não, no entanto, a aula não pode ser individual.
Os estudantes são muito diferentes entre si, embora tenham coisas em comum. Cada um carrega sua história de vida, temperamento, vida doméstica, participação ou ausência dos pais. Eles são obrigados a aprender o conteúdo oferecido, ainda que prefiram outros assuntos.
Também estão limitados a um calendário escolar, com a agenda semanal de aulas. Eles não escolhem os colegas de sala, antes são inseridos onde quer que lhes coloquem. Embora exista a crença que estão na escola essencialmente para aprender, eu diria que estão muito mais cumprindo uma etapa da vida do que necessariamente aprendendo.
E o sistema? A quem serve? O sistema é profissionalizante. Mesmo que o ensino permeie uma proposta cidadã, libertária, não podemos perder de vista que atende à necessidade de "domesticar" os espíritos para que se adequem a uma vida em sociedade. E que sociedade é esta? Como diria Zé Ramalho sobre a Terceira Lâmina: é aquela que fere! É a sociedade que limita o ser humano à condição de trabalhador/consumidor.
O ser humano tem que trabalhar para que seu país cresça(?). Crescer é o mesmo que ter uma economia forte, que atende aos interesses da classe dominante. Nesse sentido, a escola está aí para preparar esses futuros trabalhadores, que saberão multiplicar o lucro e receberão um salário por isso. E assim, o dinheiro fará todos felizes. O que mais importa?
Resignificar tudo isso é o que mais importa.
sexta-feira, 25 de maio de 2012
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