Difícil acreditar que exista gente no mundo contra a reforma agrária (excetuando-se os latifundiários, claro). Mas há. E tem também neste meio os que defendem que as terras ociosas são as que deveriam ser destinadas a quem fala em reforma agrária. O caso é que não se avalia que terras são de fato ociosas.
No balaio de gatos em que se engalfinham os fazendeiros do agronegócio e os militantes do Movimentos dos Trabalhadores Sem Terra há consonância no discurso. Como? Ambos afirmam com convicção irredutível: Você está mentindo.
Ontem vi a reprise do Debate MTV em que Lobão provocava: O MST é legítimo? Ciente da incapacidade do tema satisfazer o debate, na abertura ele justificava afirmando que a conversa iria adequar o tema ao que realmente se queria abordar - basicamente, a reforma agrária.
Entre mil farpas, um lado levantou que a reforma é desnecessária e que o agronegócio é excelente para o país. Disse também que o MST é um movimento político, calcado na luta de classes, criminoso e que nada tem a ver com reforma agrária ou terra.
Na outra ponta, enfatizaram que o MST existe há 25 anos, muito antes de receber dinheiro do Governo Federal, age segundo a justiça social, uma vez que a letra da Lei não oferece a igualdade que buscam e que a agricultura familiar é a que põe na mesa dos brasileiros a maioria dos alimentos que comemos.
Não posso aceitar que se justifique a estagnação da reforma agrária. Não aceito que se fale em terras ociosas quando os latifúndios precisam ser reformados. É justo que milhares de hectares sirvam apenas para uma família encher o bolso de dinheiro? O latifúndio gera emprego. Verdade. Mas quantos? E quanto cada trabalhador deste recebe? Eles têm participação nos lucros?
Também não aplaudo todos os atos do MST, nem compro o eufemismo que transforma invasão em ocupação. Mas reconheço que sem o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, dificilmente o assunto "reforma agrária" chegaria às mesas dos congressistas.
sexta-feira, 20 de novembro de 2009
quarta-feira, 11 de novembro de 2009
Solha só
Há alguns dias vejo na internet um pequeno grupo de intelectuais se posicionando sobre a proposta de WJ Solha para a Paixão de Cristo (proposta rejeitada pela Funjope). Como eu não sou intelectual, levei mais tempo para processar tudo e aqui vai o meu parecer:
Apoio a liberdade criativa de WJ Solha - e aqui dispenso os elogios de praxe ao artista porque ele sabe bem o tamanho de sua competência. Solha desenha, pinta, atua, escreve. Estou usando apenas verbos para que percebam que não preciso de adjetivos quando quero descrevê-lo.
Quando Solha propõe uma Paixão que alude ao contexto nazista e traz como personagem um esteriótipo de Hitler, o faz porque é livre para fazer. Desejo que não ate sua liberdade aos pudores conservadores. Escreva, produza, chegue ao seu melhor resultado. Apoio sem restrições.
Quanto à montagem, concordo com Walter Galvão sobre a posição da Prefeitura de João Pessoa. Não há uma justificativa justa (a redundância é proposital!) a se investir os milhares de reais da Funjope em um espetáculo com esta estética e temática. Se pensarmos que a suástica é apenas mais uma cruz desprezaremos sua polissemia.
Eu não quero ver Hitler crucificado ou coisa parecida. Não pretendo derrubar a coméia onde jorra o mel judeu. O Jesus que eu conheço era judeu, morreu e está vivo. Não lutou contra o nazismo (nem a favor, claro!). Viveu a maior história de amor já imaginada.
Prefiro que o dinheiro que dou à Prefeitura de João Pessoa e que é repassado para a Funjope custeie uma Paixão com outros contornos. Os contornos da Galiléia são mais palatáveis que os germânicos dos anos 1930 e 40.
Apoio a liberdade criativa de WJ Solha - e aqui dispenso os elogios de praxe ao artista porque ele sabe bem o tamanho de sua competência. Solha desenha, pinta, atua, escreve. Estou usando apenas verbos para que percebam que não preciso de adjetivos quando quero descrevê-lo.
Quando Solha propõe uma Paixão que alude ao contexto nazista e traz como personagem um esteriótipo de Hitler, o faz porque é livre para fazer. Desejo que não ate sua liberdade aos pudores conservadores. Escreva, produza, chegue ao seu melhor resultado. Apoio sem restrições.
Quanto à montagem, concordo com Walter Galvão sobre a posição da Prefeitura de João Pessoa. Não há uma justificativa justa (a redundância é proposital!) a se investir os milhares de reais da Funjope em um espetáculo com esta estética e temática. Se pensarmos que a suástica é apenas mais uma cruz desprezaremos sua polissemia.
Eu não quero ver Hitler crucificado ou coisa parecida. Não pretendo derrubar a coméia onde jorra o mel judeu. O Jesus que eu conheço era judeu, morreu e está vivo. Não lutou contra o nazismo (nem a favor, claro!). Viveu a maior história de amor já imaginada.
Prefiro que o dinheiro que dou à Prefeitura de João Pessoa e que é repassado para a Funjope custeie uma Paixão com outros contornos. Os contornos da Galiléia são mais palatáveis que os germânicos dos anos 1930 e 40.
segunda-feira, 9 de novembro de 2009
sexta-feira, 6 de novembro de 2009
No woman, no cry, no job nem bico
Rotina de solteiro, sem namorada e desempregado é assim: todo dia procurar o que fazer. E todo dia tem! Costumo dizer que na minha biblioteca particular existe a sessão de "Comprados e não-lidos" (quem souber a nova ou velha regra me diz se esse híven existe). Nos comprados e não-lidos tem a sub-sessão "ganhados e não-lidos".
O montante se acumulou desde os tempos que passei a comprar livros periodicamente e cresceu bastante quando comecei a trabalhar no Caderno 2 do Correio da Paraíba. É verdade que entre os que ganhei tem uma pá de indesejados.
Tem um emblemático dentre eles que tem como título algo como "Subsídios para a história do educandário de Pombal". Acho que é isso. Talvez seja o indesejado que eu mais tenha lido. Não consigo me resguardar da vontade de ler para amigos trechos maravilhosos das listas de alunos contidas naquele volume.
Então, voltando à rotina do meu contexto with no woman, no cry, no job, nor "bico", cada dia vejo, ouço, abro o que me apraz e me pergunto se isso é ruim. Ruim mesmo é estar sozinho e sem amigos. Nunca estou só no sentido absoluto. E como cantou um certo Garrido, "eu ganho o mundo sem sair do lugar".
O montante se acumulou desde os tempos que passei a comprar livros periodicamente e cresceu bastante quando comecei a trabalhar no Caderno 2 do Correio da Paraíba. É verdade que entre os que ganhei tem uma pá de indesejados.
Tem um emblemático dentre eles que tem como título algo como "Subsídios para a história do educandário de Pombal". Acho que é isso. Talvez seja o indesejado que eu mais tenha lido. Não consigo me resguardar da vontade de ler para amigos trechos maravilhosos das listas de alunos contidas naquele volume.
Então, voltando à rotina do meu contexto with no woman, no cry, no job, nor "bico", cada dia vejo, ouço, abro o que me apraz e me pergunto se isso é ruim. Ruim mesmo é estar sozinho e sem amigos. Nunca estou só no sentido absoluto. E como cantou um certo Garrido, "eu ganho o mundo sem sair do lugar".
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