sexta-feira, 23 de setembro de 2005
Assisti sim, e daí?
Contrariando o conselho de um colega de redação e uma ex-namorada, assisti 2 filhos de Francisco. Filme bom, mas muito aquém do que propagandearam. Se tem um cara que eu respeito dentro da crítica cinematográfica brasileira é o comentarista da CBN Marcos Petrucelli. Pois justamente ele rasgou elogios à cinebiografia de Zezé di Camargo e Luciano, inclusive contando que foi assitir ao filme com uma expectativa ruim, mas se surpreendeu.
"O filme é sensacional"; "Confesso que chorei várias vezes"; "Acho sinceramente que ele deveria ser indicado pelo Brasil para concorrer ao Oscar". Todas essas aspas foram ditas no dia seguinte à exibição em Gramado, festival em que ele não competiu, mas, segundo Petrucelli, comoveu a todos. O crítico frisou que o filme tinha todos os elementos que interessariam aos americanos na avaliação do Oscar, principalmente porque mostrava uma história de "winners". A comissão brasileira de seleção deve ter pensado parecido e ontem, na sede do Ministério da Cultura, anunciou a indicação e o sonho de Marcos se concretizou.
Posso ter pecado em criar uma expectativa grande para um filme que giraria em torno de um estilo musical que eu detesto, mas tentei ver ali os elementos de cinema como fotografia, enredo, atuação dos atores, verossimilhança, montagem, som e tudo mais que achasse ser relevante num bom filme. Tecnicamente, o diretor e meu xará, Breno Silveira, fez um bom trabalho. Só evitaria o clichê do Emival largando a bola quando viu que seu irmão podia tocar accordeon.
Em outros aspectos deixa a desejar. Zilú é uma mulher perfeita; Zezé cantava ruim com força na primeira tentativa pública e - apesar do gap entre uma cena e outra - do nada ele vira um "sabiá do Cerrado"; Luciano também se descobre cantor como em um passe de mágica. Faltou nos atores-mirins o que sobra no paraibano Ravi Ramos: expressividade no olhar. Até que menino que interpreta Emival ainda traz um pouco disso.
O filme é longo, apesar de não ser muito enfadonho, em um momento ou outro cansa. O que cansa mesmo é a insistência do roteiro em repetir que a idéia de Francisco em transformar seus filhos em cantores era coisa de doido.
Entre mortos e feridos paga o ingresso. Mas discordo totalmente da idéia de indicá-lo a competir a uma das cinco vagas de melhor filme estrangeiro. Resta aguardar o próximo dia 31 de janeiro. Acho difícil entrar entre os cinco, mas, quem sabe o Petrucelli não está com a razão?
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